3.28.2009

Sem saber por onde comecar ela resolveu comecar dali mesmo de onde estava, no fim. As lagrimas nos olhos impediam a visao clara. E as teclas do computador mais pareciam manchas negras cheias de bolor. Tentava ler seu texto, ditar pra si mesma pra tentar ajudar as palavras a se acharem. Mas sua voz tremula, e baixa, e rouca, e fraca nao chamava nada. As paredes sem quadros da sua nova casa, que era a velha mas ja nao era a mesma, simbolizavam sua nova solidao. E as coisas que ficaram pareciam estar todas pela metade. Suas maos estavam tremulas, sua boca estava triste, suas pernas afinaram. No braco, tinha uma mancha roxa. E seu coracao parecia estar dentro de um buraco. Um buraco fundo, escuro, que ela nao sabia onde ficava. Olhou pela sacada, tragou o cigarro e percebeu que nao estava comecando. Nem comecando, nem continuando, nem terminando. Um estado de pedra. Ou um outro estado. Sem nome. Sem sangue, sem visceras, sem tempo, sem espaco, sem pensamentos, sem alma, sem corpo, sem fome, sem sede, sem silencio, sem musica, sem voz, sem sono, sem saudade, sem cores, sem cheiro, sem morte nem vida. E entao ela nao tinha mais o que dizer.

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