5.31.2005
5.24.2005
aviscerada
Ontem eu peguei todas as minhas vísceras e tirei de mim. Por buracos vários no meu corpo. Pelos poros.
Mas não morri
Fiquei numa semi-vida murcha, vesga, imprecisa, oca, latente
Os ossos suportando o peso flácido de uma pele que não tinha o que proteger
O contrário da felicidade
A felicidade pra mim é quando se arranca a pele
e os órgãos ficam todos expostos, vibrando, em tons de vermelho e roxo, em pulsação
Sempre tive essa imagem na mente
Sempre desde que aprendi na escola que a pele revestia todo o corpo e eu imaginei isso como o balão segura o ar, não como a casca reveste a maçã
Mas ontem não, meu dia de ontem foi dia de pele e osso
E poros abertos.
Mas não morri
Fiquei numa semi-vida murcha, vesga, imprecisa, oca, latente
Os ossos suportando o peso flácido de uma pele que não tinha o que proteger
O contrário da felicidade
A felicidade pra mim é quando se arranca a pele
e os órgãos ficam todos expostos, vibrando, em tons de vermelho e roxo, em pulsação
Sempre tive essa imagem na mente
Sempre desde que aprendi na escola que a pele revestia todo o corpo e eu imaginei isso como o balão segura o ar, não como a casca reveste a maçã
Mas ontem não, meu dia de ontem foi dia de pele e osso
E poros abertos.
5.12.2005
sabedoria com números
Hoje, no meu chinês almoço, a sorte tirada foi:
"Ninguém bebe veneno para saciar a sede."
Será? Pra mim, depende... sede de quê?
Vão aí os números do outro lado pra quem quiser tentar a megasena:
25 11 16 27 45 21
"Ninguém bebe veneno para saciar a sede."
Será? Pra mim, depende... sede de quê?
Vão aí os números do outro lado pra quem quiser tentar a megasena:
25 11 16 27 45 21
tiras de crânio
Eu não sei tirar
Não sei arrancar as palavras da minha cabeça
Elas ficam flutuando e batendo nas paredes lacradas do meu crânio
meu crânio
eu tenho um crânio
estranho saber disso...
devo ter também medula,
tutano
tu-ta-no
tê u, tê a, ene ó
teú
teá
eneó
quadrinhos de palavras
bobinhas
tolinhas
guardando o que já está de dentro
oxalá o crânio se trinque...
Não sei arrancar as palavras da minha cabeça
Elas ficam flutuando e batendo nas paredes lacradas do meu crânio
meu crânio
eu tenho um crânio
estranho saber disso...
devo ter também medula,
tutano
tu-ta-no
tê u, tê a, ene ó
teú
teá
eneó
quadrinhos de palavras
bobinhas
tolinhas
guardando o que já está de dentro
oxalá o crânio se trinque...
Em mim
... Não se engane pensando que posso ser várias
Não sou
Isso presume poder contar
presume um número
E uma precisão
Sou difusa
desfiada
espalhada
moleculizada
Não existe o que eu sou
Mas existe porque é em mim.
Não sou
Isso presume poder contar
presume um número
E uma precisão
Sou difusa
desfiada
espalhada
moleculizada
Não existe o que eu sou
Mas existe porque é em mim.
recife
Eu passo esses momentos sem você
sem aqui
Esses momentos em que o mar mora dentro de mim
E todas as baleias as tartarugas os crustáceos os recifes
E quando o mar transborda
saindo pela ponta de terra
Eu viro rio
E escorro
o rio é água que escorre porque o chão tá inclinado
E eu viro rio
e me pingo
geralmente nessa folha de papel
que era árvore
e agora é mar
meu mar de palavras
principalmente nas folhas que estão em branco
Ali sim, ali eu estou
Não aqui, no grafite
Minha essência não é diamante
sem aqui
Esses momentos em que o mar mora dentro de mim
E todas as baleias as tartarugas os crustáceos os recifes
E quando o mar transborda
saindo pela ponta de terra
Eu viro rio
E escorro
o rio é água que escorre porque o chão tá inclinado
E eu viro rio
e me pingo
geralmente nessa folha de papel
que era árvore
e agora é mar
meu mar de palavras
principalmente nas folhas que estão em branco
Ali sim, ali eu estou
Não aqui, no grafite
Minha essência não é diamante
5.11.2005
Passarinho
Era uma vez um passarinho.
Um passarinho pequeno, grande e amarelo.
Quando este passarinho abria suas asas, nada mais via. Eram grandes e voadoras.
Digo assim porque há asas que não são voadoras. Mas este passarinho tinha asas voadoras.
Ele não voava todo sempre, mas quando voava, alcançava o Alto Céu.
Alto céu era um lugar que ficava entre o Rio Grande de Cima e o Rio Grande de Baixo. Estes eram dois grandes rios em que moravam os maiores peixes do mundo e os únicos tubarões de água doce da Terra. Mas esta é uma outra história.
Hoje estou contando a história do passarinho, esse, das asas voadoras.
Um dia ele estava voando e avistou, lá de cima, uma comida suculenta. Era muita, muita comida. O passarinho, então, mergulhou céu abaixo, salivando. E encontrou o paraíso. Um universo de comida suculenta, fresquinha e saborosa. E quanto ele mais comia, mais comida aparecia. Era mesmo o paraíso.
E ali ele foi ficando, feliz, feliz, porque tinha encontrado um valioso tesouro. E era valioso mesmo.
O tempo foi passando e o passarinho foi ficando e, apesar de ter toda a comida de que precisava, ele foi entristecendo. A cada dia um pouquinho. Foi ficando triste, cabisbaixo, desanimado... e ninguém sabia o que estava acontecendo com ele. Nem o Próprio.
Próprio era um amigão do passarinho. Ele realmente conhecia e entendia o passarinho muito bem. Estava sempre ali, lado a lado. Foi então que o Próprio começou a se perguntar: será que era a comida? Não, a comida era boa e o Passarinho queria comer. Será que era o Sol? Não, o Sol quente e brilhante antes deixava o Passarinho feliz. Será que era o Vento? SIM! Era o vento!
Ali, naquela terra, o vento não gostava de passear. É que acontecia uma coisa de corrente fria com corrente quente e o vento se sentia enjoado com esse vai-e-vem.
E passarinhos precisam de vento.
E o único jeito de fazer vento era voando.
Mas se o passarinho levantasse vôo, a comida desapareceria porque ela só aparecia quando era comida, sabe?
Comida encantada é assim, cheia de capricho. O Próprio também estava confuso. Havia momentos em que ele achava que o Passarinho devia sair voando e que, se passasse fome, pelo menos que fosse com o vento.
Mas havia momentos em que ele achava que o Passarinho devia ficar, continuar se alimentando e alimentando sua comida.
Passarinho concordou.
O problema é que sempre que a gente concorda com alguma coisa, alguém vem morar com a gente.
Neste caso, foi o Sonho. O Sonho mudou-se pra casa do Passarinho. De vez. E o Sonho era muito legal, muito mesmo.
No começo o Passarinho achou até que estava mais feliz porque agora tinha um Sonho. Mas o negócio é que o Sonho era extremamente birrento. Isso mesmo. Feito aquelas crianças que deitam no chão e batem pernas e braços. Acredite! O sonho fazia exatamente assim!
E ele não deixava o Passarinho em paz. Estava a todo tempo querendo Ser (Ser é um doce muito gostoso, o único problema é que só existe dele lá no Alto Céu).
Daí um dia aconteceu. O Passarinho deixou de ouvir os conselhos do Próprio, subiu na pedra mais alta do vale da comida e alçou vôo.
O Sonho encontrou o Ser e o passarinho encontrou a Felicidade.
Felicidade era uma deusa, uma bela deusa que vivia mais alto que o Alto Céu. Mas esta é uma outra história...
Um passarinho pequeno, grande e amarelo.
Quando este passarinho abria suas asas, nada mais via. Eram grandes e voadoras.
Digo assim porque há asas que não são voadoras. Mas este passarinho tinha asas voadoras.
Ele não voava todo sempre, mas quando voava, alcançava o Alto Céu.
Alto céu era um lugar que ficava entre o Rio Grande de Cima e o Rio Grande de Baixo. Estes eram dois grandes rios em que moravam os maiores peixes do mundo e os únicos tubarões de água doce da Terra. Mas esta é uma outra história.
Hoje estou contando a história do passarinho, esse, das asas voadoras.
Um dia ele estava voando e avistou, lá de cima, uma comida suculenta. Era muita, muita comida. O passarinho, então, mergulhou céu abaixo, salivando. E encontrou o paraíso. Um universo de comida suculenta, fresquinha e saborosa. E quanto ele mais comia, mais comida aparecia. Era mesmo o paraíso.
E ali ele foi ficando, feliz, feliz, porque tinha encontrado um valioso tesouro. E era valioso mesmo.
O tempo foi passando e o passarinho foi ficando e, apesar de ter toda a comida de que precisava, ele foi entristecendo. A cada dia um pouquinho. Foi ficando triste, cabisbaixo, desanimado... e ninguém sabia o que estava acontecendo com ele. Nem o Próprio.
Próprio era um amigão do passarinho. Ele realmente conhecia e entendia o passarinho muito bem. Estava sempre ali, lado a lado. Foi então que o Próprio começou a se perguntar: será que era a comida? Não, a comida era boa e o Passarinho queria comer. Será que era o Sol? Não, o Sol quente e brilhante antes deixava o Passarinho feliz. Será que era o Vento? SIM! Era o vento!
Ali, naquela terra, o vento não gostava de passear. É que acontecia uma coisa de corrente fria com corrente quente e o vento se sentia enjoado com esse vai-e-vem.
E passarinhos precisam de vento.
E o único jeito de fazer vento era voando.
Mas se o passarinho levantasse vôo, a comida desapareceria porque ela só aparecia quando era comida, sabe?
Comida encantada é assim, cheia de capricho. O Próprio também estava confuso. Havia momentos em que ele achava que o Passarinho devia sair voando e que, se passasse fome, pelo menos que fosse com o vento.
Mas havia momentos em que ele achava que o Passarinho devia ficar, continuar se alimentando e alimentando sua comida.
Passarinho concordou.
O problema é que sempre que a gente concorda com alguma coisa, alguém vem morar com a gente.
Neste caso, foi o Sonho. O Sonho mudou-se pra casa do Passarinho. De vez. E o Sonho era muito legal, muito mesmo.
No começo o Passarinho achou até que estava mais feliz porque agora tinha um Sonho. Mas o negócio é que o Sonho era extremamente birrento. Isso mesmo. Feito aquelas crianças que deitam no chão e batem pernas e braços. Acredite! O sonho fazia exatamente assim!
E ele não deixava o Passarinho em paz. Estava a todo tempo querendo Ser (Ser é um doce muito gostoso, o único problema é que só existe dele lá no Alto Céu).
Daí um dia aconteceu. O Passarinho deixou de ouvir os conselhos do Próprio, subiu na pedra mais alta do vale da comida e alçou vôo.
O Sonho encontrou o Ser e o passarinho encontrou a Felicidade.
Felicidade era uma deusa, uma bela deusa que vivia mais alto que o Alto Céu. Mas esta é uma outra história...
Ela era
Era uma pequena menina de olhos grandes.
Grandes olhos vermelhos que mais pareciam uma flor.
Um lilás. Quando caía, sempre pensava que tinha quebrado a perna.
E saía mancando. Quando não caía, sempre pensava que era bailarina.
A menina acordou e se olhou no espelho.
Os dentes brancos, a pele morena, os olhos. Continuava tudo no lugar. E ela sempre pensava como era incrível que ela, todo hoje, fosse igual a ela ontem. Mas muito diferente dela no ano passado. Será que ela sempre se esquecia de olhar no espelho justamente no dia em que mudava? Calçou sua botina e foi para a aula.
E lá ela tinha que fazer uma redação, mas não sabia o que escrever.
Então, resolveu fazer uma redação sobre uma menina que tinha que fazer uma redação mas não sabia o que escrever.
Como agora.
E a redação ficou assim:
"Era uma vez, uma menina linda de grandes olhos vermelhos. Um dia, ela calçou sua botina e foi para a escola. Chegando lá, a professora mandou que ela fizesse uma redação.
E ela perguntou: sobre o quê?
E a professora deu a resposta de sempre: tema livre.
E a menina, que sempre entendia o que as pessoas diziam, mas não o que queriam dizer, entendeu: tem mão livre.
Então, essa menina resolveu fazer uma redação sobre uma menina que precisava fazer uma redação mas não sabia o que escrever, que tinha uma mão livre e uma professora preguiçosa.
A menina colocou seu braço sobre a carteira, pegou o lápis e ia colocando a mão sobre o papel para iniciar sua história. Mas a mão não quis. A mão da menina tinha entendido que ela era livre. E agora não queria mais obedecer à menina e seus neurônios.
A menina não sabia o que fazer. Resolveu respirar fundo, que era o que sua mãe sempre dizia para ela fazer quando também a mãe não sabia o que fazer ou o que dizer pra fazer. Ou as duas coisas. Nada aconteceu.
Que era o que sempre não acontecia quando ela respirava fundo.
A mão tinha entendido que era livre e pronto. Porque liberdade é como picolé. Se você já tirou a embalagem, não tem mais como voltar o picolé pra dentro.
E a mão da menina tinha entendido isso. Já estava até um pouco gelada.
Enquanto a menina lutava com sua mão, a professora passeava pela sala e viu isso. Ela disse para a menina: Não! Fale de outra coisa. Já há histórias de mãos independentes na literatura.
E a menina tentou explicar que a culpa era da mão. Era ela que fazia isso.
Mas a professora não ouvia.
Ficava sempre a dizer as suas palavras preferidas sem se importar com o que os outros preferiam. Concentração, início, meio e fim, legível, trinta linhas, ortografia, sintaxe, simpático e parassimpático (ela queria ser a professora de ciências), amebas e congruentes.
E a menina entendeu então. Entendeu neste momento. Entendeu a simpática corda vocal da professora. E seu parassimpático tímpano. Entendeu o simpático Sol e a parassimpática brisa. Entendeu a simpática mãe parassimpática que tinha. E entendeu os tios parassimpáticos, a avó simpática e o irmão parassimpático que estava na barriga da mãe. Entendeu sua simpática mão e seus parassimpáticos olhos.
O menino parassimpático ao lado fazia um desenho em sua folha. E o desenho era de um elefante chorando. E o desenho era a redação mais linda que a menina já tinha visto. E lido. E os olhos do menino eram parassimpaticamente tristes. Como os seus.
E ela entendeu o que nunca tinha entendido antes. Mas entendeu também que não queria entender. E quanto mais ela entendia, menos ela queria. E de tanto entender, tanto, tanto, ela deixou de querer.
E não quis mais fazer redação nenhuma.
Fechou seu caderno e foi querer nada em outro lugar.
Grandes olhos vermelhos que mais pareciam uma flor.
Um lilás. Quando caía, sempre pensava que tinha quebrado a perna.
E saía mancando. Quando não caía, sempre pensava que era bailarina.
A menina acordou e se olhou no espelho.
Os dentes brancos, a pele morena, os olhos. Continuava tudo no lugar. E ela sempre pensava como era incrível que ela, todo hoje, fosse igual a ela ontem. Mas muito diferente dela no ano passado. Será que ela sempre se esquecia de olhar no espelho justamente no dia em que mudava? Calçou sua botina e foi para a aula.
E lá ela tinha que fazer uma redação, mas não sabia o que escrever.
Então, resolveu fazer uma redação sobre uma menina que tinha que fazer uma redação mas não sabia o que escrever.
Como agora.
E a redação ficou assim:
"Era uma vez, uma menina linda de grandes olhos vermelhos. Um dia, ela calçou sua botina e foi para a escola. Chegando lá, a professora mandou que ela fizesse uma redação.
E ela perguntou: sobre o quê?
E a professora deu a resposta de sempre: tema livre.
E a menina, que sempre entendia o que as pessoas diziam, mas não o que queriam dizer, entendeu: tem mão livre.
Então, essa menina resolveu fazer uma redação sobre uma menina que precisava fazer uma redação mas não sabia o que escrever, que tinha uma mão livre e uma professora preguiçosa.
A menina colocou seu braço sobre a carteira, pegou o lápis e ia colocando a mão sobre o papel para iniciar sua história. Mas a mão não quis. A mão da menina tinha entendido que ela era livre. E agora não queria mais obedecer à menina e seus neurônios.
A menina não sabia o que fazer. Resolveu respirar fundo, que era o que sua mãe sempre dizia para ela fazer quando também a mãe não sabia o que fazer ou o que dizer pra fazer. Ou as duas coisas. Nada aconteceu.
Que era o que sempre não acontecia quando ela respirava fundo.
A mão tinha entendido que era livre e pronto. Porque liberdade é como picolé. Se você já tirou a embalagem, não tem mais como voltar o picolé pra dentro.
E a mão da menina tinha entendido isso. Já estava até um pouco gelada.
Enquanto a menina lutava com sua mão, a professora passeava pela sala e viu isso. Ela disse para a menina: Não! Fale de outra coisa. Já há histórias de mãos independentes na literatura.
E a menina tentou explicar que a culpa era da mão. Era ela que fazia isso.
Mas a professora não ouvia.
Ficava sempre a dizer as suas palavras preferidas sem se importar com o que os outros preferiam. Concentração, início, meio e fim, legível, trinta linhas, ortografia, sintaxe, simpático e parassimpático (ela queria ser a professora de ciências), amebas e congruentes.
E a menina entendeu então. Entendeu neste momento. Entendeu a simpática corda vocal da professora. E seu parassimpático tímpano. Entendeu o simpático Sol e a parassimpática brisa. Entendeu a simpática mãe parassimpática que tinha. E entendeu os tios parassimpáticos, a avó simpática e o irmão parassimpático que estava na barriga da mãe. Entendeu sua simpática mão e seus parassimpáticos olhos.
O menino parassimpático ao lado fazia um desenho em sua folha. E o desenho era de um elefante chorando. E o desenho era a redação mais linda que a menina já tinha visto. E lido. E os olhos do menino eram parassimpaticamente tristes. Como os seus.
E ela entendeu o que nunca tinha entendido antes. Mas entendeu também que não queria entender. E quanto mais ela entendia, menos ela queria. E de tanto entender, tanto, tanto, ela deixou de querer.
E não quis mais fazer redação nenhuma.
Fechou seu caderno e foi querer nada em outro lugar.
outro comum
Quando você acordar,
Jogue fora seu relógio.
Esqueça todo o tempo e viva o simples continuar dos fatos
Não há tempo
O que existe é o ato
Acordar, comer, sair, tomar banho, rir, chorar, amar.
Conectados por linha nenhuma
Só por memórias e expectativas
Ilusórias.
Vasilhas vazias.
Jogue fora seu relógio.
Esqueça todo o tempo e viva o simples continuar dos fatos
Não há tempo
O que existe é o ato
Acordar, comer, sair, tomar banho, rir, chorar, amar.
Conectados por linha nenhuma
Só por memórias e expectativas
Ilusórias.
Vasilhas vazias.
Da época dos comuns
Salto do 21o andar iludindo-me.
Vôo-suicídio.
Choco-me violentamente contra a densidade pulsante.
Concreta realidade.
Atração implacável entre vôo e fim.
Castigo de imortalidade.
Dor latejante da pulverização dos ossos.
Músculos destruídos no impacto com o concreto.
Sangro para dentro.
Embrienorragia.
Espalhando-se em mim.
Inundando-me.
Esvaindo-me das veias.
Vôo-suicídio.
Choco-me violentamente contra a densidade pulsante.
Concreta realidade.
Atração implacável entre vôo e fim.
Castigo de imortalidade.
Dor latejante da pulverização dos ossos.
Músculos destruídos no impacto com o concreto.
Sangro para dentro.
Embrienorragia.
Espalhando-se em mim.
Inundando-me.
Esvaindo-me das veias.
Mais um
Dia difícil esse de hoje. Acho que fico esperando coisas que não são. E que não vão.
Esse diário. Esse registro.
Entrei no antigo blog e achei uns textos meus. Gostei de algumas coisas. às vezes tenho a capacidade de ter as palavras. Mas não é sempre. Normalmente elas me têm em volume.
Tomara que meus amigos apareçam por aqui.
Ando sozinha que só (desculpem o trocadilho)
Sinto saudades de um tempo em que eu era inocente.
Eu me julguei invencível.
Eu caí do cavalo
Eu vou cair do cavalo
Eu preciso daquele meu amigo
A presença constante das pessoas é ilusória
aliás, quem é louco de falar essas coisas?
Preciso ir, preciso ir, preciso ir.
Mas isso aqui não é pra ser um diário
É pra ser somente
Eu, de novo, brigando contra as formas
Eu, que em nada me encaixo
Eu, pecinha do canto indecifrável
Eu, vassoura
Eu, peça de 13 pingos
Eu, dominó
Eu, dominio
Eu, dormino
Esse diário. Esse registro.
Entrei no antigo blog e achei uns textos meus. Gostei de algumas coisas. às vezes tenho a capacidade de ter as palavras. Mas não é sempre. Normalmente elas me têm em volume.
Tomara que meus amigos apareçam por aqui.
Ando sozinha que só (desculpem o trocadilho)
Sinto saudades de um tempo em que eu era inocente.
Eu me julguei invencível.
Eu caí do cavalo
Eu vou cair do cavalo
Eu preciso daquele meu amigo
A presença constante das pessoas é ilusória
aliás, quem é louco de falar essas coisas?
Preciso ir, preciso ir, preciso ir.
Mas isso aqui não é pra ser um diário
É pra ser somente
Eu, de novo, brigando contra as formas
Eu, que em nada me encaixo
Eu, pecinha do canto indecifrável
Eu, vassoura
Eu, peça de 13 pingos
Eu, dominó
Eu, dominio
Eu, dormino
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